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sexta-feira, 19 de julho de 2013

SOLIDÃO; O CAOS NA FAMÍLIA E NA VIDA

Desde a criação, Deus desejou que vivêssemos em harmonia nos relacionamentos interpessoais. Se analisarmos com cuidado, toda a criação de Deus, cada dia termina com a expressão: “E viu Deus que era bom” (Gn 1: 10,12,18,21 e 31), mas quando Deus cria o homem, pela primeira vez usa outra expressão: “Não é bom”. Na análise de Deus sobre sua criação, tal expressão se refere ao relacionamento do homem com seu semelhante. Deus vê que o homem está só e condena essa solidão, e entra com sua providência para resolver aquela dificuldade: “Não é bom que o homem esteja só; far-lhe-ei uma auxiliadora que lhe seja idônea.” (Gn 1:18). Assim, o Senhor resolve dar ao homem a possibilidade de relacionar-se em família.

Hoje, a população do mundo tem crescido de maneira assustadora. Grandes centros urbanos foram formados como resultado desse crescimento, mas na mesma proporção que cresce a população do mundo, aumenta a solidão das pessoas. Os grandes centros urbanos fervilham de pessoas que se acotovelam todos os dias em imensas aglomerações humanas, mas essas pessoas são rostos sem nome e sem identidade: uns que vão, outros que vêm e todos que passam.
A grande vítima de tudo isso tem sido a família. Criada para ser o berço dos relacionamentos saudáveis, a família se tornou o lugar onde as pessoas vivem frustrações em seus relacionamentos interpessoais. A TV, a internet, o celular e outras maravilhas da tecnologia, nos conecta com o mundo lá fora, mas nos afasta daqueles que estão ao nosso redor. Na visão do Rev. Hernandes Dias Lopes: “Vivemos no paraíso das comunicações virtuais, mas transformamos esse jardim cheio de raras belezas num deserto de relacionamentos vazios e carente de significado. Transformamos o palácio da cibernética na masmorra da solidão.”
     Filhos são entretidos com presentes tecnológicos e são vistos como empecilhos para as conquistas de seus pais.  Esposas são vítimas do silêncio de seus cônjuges e da falta de diálogo.  Idosos são abandonados numa edícula qualquer, e mesmo dentro de casa, jamais são inseridos nesse contexto cibernético. O resultado: a sensação de abandono, cercados de gente, e ao mesmo tempo, como uma ilha existencial; profundamente solitários...
Mas a solidão não é algo novo na humanidade. O anônimo salmista teve seu momento de solidão. Sentiu-se abandonado por amigos, família e até por Deus: “Sou como o pelicano no deserto, como a coruja das ruínas. Não durmo e sou como o passarinho solitário nos telhados.” (Sl 103: 6,7).  Elias passou por esse caos isolado em uma caverna (I Reis 19: 9 – 15). 
Mas, se notarmos bem, a mensagem bíblica, já previa esse caos da solidão, como uma praga que atinge qualquer pessoa em qualquer época. O profeta Isaias, ao anunciar o socorro de Deus a seu povo exilado e que se sentia abandonado, poderia ser também chamado de “o profeta do socorro aos solitários” . Anuncia: “não temas, porque eu sou contigo; não te assombres, porque eu sou o teu Deus; eu te fortaleço, e te ajudo, e te sustento com a minha destra fiel.” (41:10) ou “Acaso, pode uma mulher esquecer-se do filho que ainda mama, de sorte que não se compadeça do filho do seu ventre? Mas ainda que esta viesse a se esquecer dele, eu, todavia, não me esquecerei de ti.” (49:15).
Deus nos ampara e nos sustenta quando nos sentimos solitários. Essa era a convicção do salmista: “se meu pai e minha mãe me desampararem, o SENHOR me acolherá.” (Sl 27:10).
Que o Espírito Santo nos dê confiança e segurança de que temos um divino companheiro que é o socorro dos solitários.


                                         Rev. Ary Sérgio Abreu Mota