NATAL ESQUIZOFRÊNICO
Quando chega o Natal ficamos cheios de expectativas. Alguns esperam
presentes, outros esperam encontrar familiares e amigos, outros esperam um
grande faturamento que compense os horários extras e as contas adquiridas no
ano, e outros esperam uma melhoria de vida e grandes mudanças.
A cada ano as festas de Natal são
mais glamourosas e mais distantes de seu significado essencial: a encarnação de
Deus. Há um verdadeiro encanto mágico criado em torno do Natal com objetivo
essencialmente comercial. Algumas vezes
observo os “templos de consumo” chamados shoppings centers e é comum ver que a decoração natalina apela às
crianças para que se tornem consumidoras de produtos. São enfeites característicos: uma árvore
enorme, cheia de bolas gigantes e coloridas, com seu pisca-pisca reluzindo
esperança, e no meio disso tudo não pode faltar, é claro, a casinha do Papai
Noel e muita neve, pois Natal sem neve não é Natal...?
Tudo
isso me leva a pensar ser um Natal Esquizofrênico. A esquizofrenia é uma das formas mais cruéis
de perder a saúde, quando o que vai embora é justamente tudo aquilo que
entendemos por realidade. O paciente passa a ter uma percepção distorcida do
que é real e do que não é. Em muitos casos, começa a ouvir vozes, ter
alucinações, dificuldade de se relacionar e se comunicar com outras pessoas. Há
também os pacientes que se tornam apáticos, fechados em seu próprio mundo,
assim como existem aqueles que têm certeza de que são o alvo de complôs e
perseguições diabólicas. Em linhas gerais, o esquizofrênico cria um mundo
paralelo que o faz sofrer e leva ao sofrimento as pessoas que mais ama.
Vejo
que os “natais” têm sido uma verdadeira crise esquizofrênica de eventos,
festas, presentes e fantasias. Posso afirmar que são “natais esquizofrênicos”
que só levam as pessoas a fantasiar e a viver em um mundo paralelo de luzes
coloridas que piscam, de papais noéis, renas, neve, trenós, comidas e bebidas à
vontade.
Especialmente
nesse ano vemos o país imerso numa crise econômica, política, moral. As empresas não estão
dando conta da carga tributária, nem as famílias de pagar suas contas em dia. Fala-se
em 9 milhões de pessoas desempregadas e uma inflação que nos corrói o bolso e a
despensa. Mesmo assim, fantasiamos e preferimos viver nesse mundo fantástico e
esquizofrênico, como se tudo fosse glamouroso desse jeito.
O Natal trás em sua
essência a história da salvação. Um Deus apaixonado por sua criatura. O ser
humano se afastou de seu criador. Deus se fez carne, gente como a gente, e
habitou entre nós (João 1:14).
Sem Jesus não há
Natal. Sem Jesus, nossas comemorações se tornam vãs e sem sentido, apenas
celebrações esquizofrênicas. Se não permitirmos que esse Deus que nos ama venha
nascer em nosso coração, não teremos o que comemorar.
O Natal deve ser sempre o Natal
de Cristo. Sem doutores ou bóias-frias, sem crianças enfadadas de tanto comer
doces e outras que sequer provam uma bala. Um Natal sem católicos,
presbiterianos, batistas, metodistas ou pentecostais, simplesmente um Natal de
Cristo. Deve ser um Natal sem guerras, sem injustiças e sem promoções
comerciais. Um Natal no qual Deus tenha adoração em espírito e verdade. Um Natal
do coração e não somente dos símbolos.
Natal sem Jesus não passa de
esquizofrenia e não é Natal.
Que tal celebrar a festa real?
Rev. Ary Sérgio Abreu Mota