PERDÃO. O PREJUIZO DA PAZ
Em
nossos relacionamentos muitas vezes nos encontramos encurralados quando surgem rusgas e conflitos. Quer seja
no âmbito familiar, profissional, social ou mesmo dentro da igreja, o perdão
muitas vezes se torna algo difícil de ser praticado. È comum encontrarmos
pessoas magoadas e ressentidas que se tornaram vítimas de algum ato voluntário
ou involuntário de alguém próximo. Nesse caso, perdoar não é fácil.
Contudo, sem o exercício
do perdão estaremos contribuindo gradativamente para relacionamentos
superficiais. O perdão autêntico é mais do que um ato de bondade, ou generosidade, não é um sacrifício em absolver o erro do outro.
É, antes de tudo, obediência a Deus
e prática do amor cristão. Estamos
sempre perto de alguém e assim estamos sempre correndo o risco de magoarmos ou
sermos magoados. Mas, o que é perdão? Para definirmos a palavra “perdão” vamos
nos valer da língua grega na qual o novo testamento foi escrito. Encontramos a
palavra “Aphiêmi” e algumas variações
que podem ser traduzidas como “cancelar, deixar, soltar, remir, desobrigar e
não levar em conta”.
O Pastor e Psicólogo
Fábio Damasceno em seu livro “A Psicologia do Perdão – IFC Editora” dá a
seguinte definição: “Perdoar, em princípio, é liberar a culpa do outro e
ficar no prejuízo.” Para explicar
esta ideia, o autor desenvolve o seguinte raciocínio: Quando alguém que deveria
nos dar afeto, amor, elogios, nos agride, ela acumula conosco uma dívida que
vai para o “arquivo de cobrança” da
nossa memória. Imaginemos que uma pessoa tenha 15 mil para receber, e tenha um
débito com outras pessoas de 5 mil. Poderíamos dizer que esta pessoa está em
ótimas condições financeiras. Mas, vamos supor que seus devedores não lhe
paguem, ela estará em apuros, pobre e devendo.
O
grande problema das pessoas é que elas não estão dispostas a ter prejuízo, por
isso não perdoam. Algumas até chegam a dizer: “Eu não estou sentindo vontade de
perdoar!” Ou “eu perdoo, mas não esqueço!” A primeira coisa que precisamos
compreender é que perdão não é um
sentimento e sim uma ordem e ordem de Deus. “E, quando estiverdes orando, se tendes alguma coisa contra alguém,
perdoai, para que vosso Pai celestial vos perdoe as vossas ofensas.” (Mc 11:25). Você não vai sentir vontade de perdoar, mas precisa obedecer
a Deus, pois essa é uma condição até para que
sua oração seja ouvida por Ele. (Mt 6:15 e Tg 2:13).
Em
toda a Palavra de Deus, encontramos o perdão como um desafio para a vida Cristã. Não há limites para perdoar: “Senhor, até quantas vezes meu irmão pecará
contra mim, que eu lhe perdoe? Até sete vezes? Respondeu-lhe Jesus: Não te digo
que até sete vezes, mas até setenta vezes sete,..., Assim também meu Pai celeste vos
fará, se do íntimo não perdoardes cada um a seu irmão.” (Mt 18: 21
a 35 e Lc 17:14). Se não perdoarmos, satanás levará
vantagem sobre nós: “A quem perdoais alguma coisa, também eu perdoo; porque, de fato, o que
tenho perdoado (se alguma coisa tenho perdoado), por causa de vós o fiz na
presença de Cristo; para que Satanás não alcance vantagem sobre nós, pois não
lhe ignoramos os desígnios.” (II Co 2: 10 e 11). Por mais que
perdoemos as pessoas que nos magoam e nos causam prejuízo, ainda será mínimo
diante do ato de Deus em Cristo ter nos perdoado os pecados. Nós fomos
perdoados e devemos perdoar uns aos outros ( Cl 3: 12 – 17 “Assim como Deus em Cristo vos perdoou, perdoai vós também uns aos
outros”).
Deus nos capacite
a optarmos pelo prejuízo.
Pastor
Ary Sérgio Abreu Mota