Dia 31 de Outubro de 1517, após sucessivas crises diante das regras que lhe eram impostas, e as descobertas que fizera lendo a Bíblia, nos originais grego e hebraico, Martinho Lutero, um monge agostiniano, coloca na porta da Catedral de Witemberg, na Alemanha, 95 teses que confrontavam a igreja da época. Tais teses se tornaram o estopim do movimento que se espalhou pelo mundo e transformou-se no maior movimento de avivamento que a Igreja Cristã já experimentou. Depois de Lutero surgiram outros reformadores que contribuíram para que o pensamento cristão fosse ensinado com base na Escritura Sagrada: João Calvino, que deu origem aos Presbiterianos, Guilherme Farel, Ulrico Zwinglio John Knox na Escócia e outros. Sem dúvida, a Reforma do século XVI foi uma volta às Escrituras Sagradas, um retorno à doutrina apostólica. Podemos resumir o pensamento reformado em cinco pontos principais:
1. Sola Scriptura – Somente as Escrituras – Os reformadores reafirmaram a supremacia das Escrituras sobre a tradição. A Bíblia, como Palavra de Deus aos homens, é regra de fé e prática.
2. Sola Fide – Somente a Fé – A Reforma sublinhava também a supremacia da fé sobre as obras para a salvação. A salvação não é mérito humano, conquistado pela prática de boas obras, mas é obra de Deus, recebida de graça pelo homem mediante a fé em Cristo.
3. Sola Gratia – Somente a Graça – Os reformadores reafirmaram a doutrina apostólica de que somos salvos pela graça. A graça é um dom imerecido de Deus a nós. O salário do pecado é a morte. Merecemos o juízo, a condenação, o inferno, mas Deus, pela sua infinita misericórdia, suspende o castigo que merecíamos e nos dá a salvação, que não merecemos. Isso é graça!
4. Solo Christu – Somente Cristo – Os reformadores rejeitaram absolutamente a autoridade do papa sobre a igreja. O papa usurpa o lugar da Trindade. Ele usurpa o lugar de Deus Pai ao ser chamado de Pai da Igreja (Mt 23:9). Ele usurpa o lugar de Deus Filho ao ser chamado Sumo Pontífice (Supremo Mediador). A Bíblia diz que há um só mediador entre Deus e os homens, Jesus Cristo (1 Tm 2:5). Ele ainda usurpa o lugar de Cristo quando se autointitula a pedra fundamental da igreja sobre a qual foi edificada.
5 - Soli Deo Gloria – Somente a Deus a Glória – O movimento da Reforma reafirmou a doutrina bíblica de que Deus não reparte sua glória com ninguém. Somente ele deve ser adorado e honrado. Toda glória que é dada ao homem é vanglória, é glória vazia.
Desta forma, vemos que o pensamento da reforma nos remeteu às escrituras, e esta, a Cristo. Contudo, o espírito da reforma deve continuar em nossos corações, pois ainda hoje, a igreja necessita reformar sua estrutura, sua liturgia, sua formação teológica e pastoral, sua visão missionária e seu entusiasmo pela fé cristã. Nós, que somos herdeiros da reforma, devemos abrir nossos corações e nossas mentes para o mover do Espírito Santo na igreja. Por isso, os reformadores nos desafiaram com a máxima: Igreja Reformada, sempre Reformando.
Ao Senhor toda a glória!
Rev. Ary Sérgio Abreu Mota
