O MEU ESTRESSE NAS MÃOS DO SENHOR

Lucas 10, 38-42

Indo eles de caminho, entrou Jesus num povoado. E certa mulher, chamada Marta, hospedou-o na sua casa. Tinha ela uma irmã, chamada Maria, e esta quedava-se assentada aos pés do Senhor a ouvir-lhe os ensinamentos. Marta agitava-se de um lado para outro, ocupada em muitos serviços. Então, se aproximou de Jesus e disse: Senhor, não te importas de que minha irmã tenha deixado que eu fique a servir sozinha? Ordena-lhe, pois, que venha ajudar-me. Respondeu-lhe o Senhor: Marta! Marta! Andas inquieta e te preocupas com muitas coisas. Entretanto, pouco é necessário ou mesmo uma só coisa; Maria, pois, escolheu a boa parte, e esta não lhe será tirada.

Mateus 6, 31–34:

Portanto, não vos inquieteis, dizendo: Que comeremos? Que beberemos? Ou: Com que nos vestiremos? Porque os gentios é que procuram todas estas coisas; pois vosso Pai celeste sabe que necessitais de todas elas; buscai, pois, em primeiro lugar, o seu reino e a sua justiça, e todas estas coisas vos serão acrescentadas. Portanto, não vos inquieteis com o dia de amanhã, pois o amanhã trará os seus cuidados; basta ao dia o seu próprio mal.

INTRODUÇÃO

É muito comum, nos dias de hoje, ouvirmos as pessoas dizerem que estão estressadas, nervosas, ansiosas ou angustiadas.

O estresse também é associado, com freqüência, às situações de trabalho, principalmente as que envolvem alto grau de responsabilidade, excesso de expectativas, cobranças e grande volume de tarefas em relação ao tempo disponível para realizá-las.

Parece que os cargos situados nas posições mais elevadas da hierarquia, são aquelas que mais provocam estresse em quem as ocupa.

Sendo assim, professores podem sofrer estresse. E sofrem!

É claro que não podemos afirmar que o estresse é uma exclusividade do magistério. 

Mas em determinadas situações professores sofrem uma pressão muito grande da sociedade, dos alunos e da própria função de seu ofício de ensinar.

Além do que, nos últimos tempos a indisciplina na sala de aula tem ultrapassado todos os limites aceitáveis, e o professor, muitas vezes sem preparo psicológico deve administrar esse problema pontual.

Minha esposa está envolvida com sala de aula e gestão escolar á muito tempo. Graças ao bom Deus, mesmo ministrando aula à crianças pequenas, quando ela chega em casa ainda tem o prazer de contar um pouco das peripécias dos seus aluninhos. Ela ainda não perdeu a poesia da vocação do magistério.

Mas quantas professoras e professores já tiveram crises sérias nas salas de aulas que acabaram afetando sua saúde, sua família, sua vida financeira e amorosa. Quantos professores por conta de um estresse agudo ficaram meses e até anos de licença, sem poderem exercer outra função porque adquiriram doenças na sala de aula.

Cada professor aqui tem uma história para contar de um colega ou familiar que foi vítima de uma síndrome, que acabou o afastando da sala de aula.

Mas o que é vem a ser estresse?

São muitos os conceitos encontrados na literatura específica sobre o tema.

O estresse foi estudado pela primeira vez pelo médico austríaco Hans Selye, por volta de 1920. Comparando sintomas semelhantes, em pacientes que sofriam de doenças diferentes, concluiu que eles não estavam ligados diretamente à nenhuma doença, e chamou-os de “síndrome de estar apenas doente”, ou “síndrome de adaptação geral”.

O termo Stresse surgiu depois, importado da Engenharia em que significa “peso que uma ponte pode suportar até que ela se parta”.

Uma outra definição diz que “estresse” pode ser definido como um estado em que ocorre um desgaste anormal da máquina humana e ou uma diminuição de sua capacidade de trabalho, ocasionados basicamente por uma incapacidade prolongada do indivíduo tolerar, superar ou se adaptar às exigências de natureza psíquica existentes em seu ambiente de vida”.

“O estresse é uma reação emocional com componentes psicológicos e físicos, que ocorre na presença de qualquer evento que confunda, amedronte e excite a pessoa”.

Quando se diz que o estresse é uma doença deste início de século, trazemos à lembrança que houve outras épocas, em que certas doenças eram pontuais. Assim temos:  Idade Média a peste bubônica, no Renascentismo a sífilis, na era romântica do século XIX, a tuberculose, e no século XX, o estresse.

O estresse como doença representa o insucesso do organismo para adaptar-se às situações particularmente ameaçadoras. E olhem que o homem é dotado de uma boa dose de recursos fisiológicos para entender ameaças. Querem ver algumas delas?     

  Algumas reações fisiológicas do homem frente ao estresse:

Açúcar e gordura armazenados são lançados na corrente sanguínea, garantindo “combustível” para energia imediata;

A respiração se acelera, proporcionando mais oxigênio;

O coração “dispara”, e a pressão sanguínea se eleva, assegurando suficiente abastecimento de sangue nas áreas necessitadas;

Os músculos se retessam, preparando para o esforço;

Aumentam a transpiração e a salivação;

O sistema endócrino intensifica a produção de hormônios;

A adrenalina é “despejada” no organismo;

As pupilas dilatam-se, assegurando maior entrada de luz;

Todos os sentidos se avivam.

 

Fica claro, a partir disto, porque o estresse é chamado, com freqüência de “reação de alarme para lutar ou fugir”, tal a prontidão fisiológica do organismo para enfrentar tais situações ameaçadoras.

Talvez o que tenha acontecido é que o homem mudou o ambiente com tal velocidade, que não conseguiu mudar a si próprio para acompanhar essas mudanças. Estamos nos referindo a situações como violência e aglomeração urbana, poluição de várias modalidades, mudanças de vida e de papéis sociais, solidão, aumento de fluxo de informação e de responsabilidades entre outras.

Estudos sérios, realizados por profissionais da saúde, identificaram que boa parte das enfermidades tem sua um fundo psicossomático, quer dizer, são doenças de origem emocional (medo, desejo, perturbação, aflição, estresse).

O estresse pode causar ulcera, gastrite, insônia, pressão alta, alergias, infarto, derrame – resultam de preocupações estremadas, angústias profundas, tristezas, infelicidade...

À luz da Palavra de Deus queremos trazer algumas verdades sobre a questão do estresse.

Muitas vezes é comum encontrarmos com pessoas extremamente preocupadas, aflitas até por causa de tempestades.

São pessoas que sabem que Jesus Cristo está no barco, com elas, mas acham que irão morrer.

Nossa intenção é mostrar, à luz dos textos bíblicos algumas verdades que talvez nos auxiliem para entendermos um pouco sobre a postura que devemos tomar diante de dificuldades que surgem a cada dia.

 

1) O ESTRESSADO SOFRE POR ANTECIPAÇÃO

O problema do ser humano é que, por causa do estresse, ele sofre por antecipação. Parece que o indivíduo fica no aguardo de que o pior irá acontecer a qualquer momento. Imagina sempre o pior.

Se o telefone toca, dependendo da hora, já imagina coisas ruins. A demora do filho (a) em chegar... Os medos - medo da demissão, medo de ficar doente, medo de ser assaltado, de sofrer acidente, de não conseguir cumprir os compromissos em sala de aula, não cumprir o planejamento. Medo de um aluno se acidentar, de apanhar de algum aluno. No caso dos professores, a disciplina de “gestão escolar” ensina que o professor é aquele que manda na sala de aula. Mas se ele manda na sala de aula, ele também é responsável por, no mínimo 30 vidas que estão sob seu cuidado. “E se acontecer algo à um desses meus aluninhos?”.

Lembro-me da preocupação com a “gripe suína”. Os medicamentos para a cura dessa gripe ainda estão sendo desenvolvidos na época.

Os jornais falavam de uma possível pandemia, onde milhares de pessoas (até milhões) poderiam morrer.

O vírus dessa gripe teve o seu foco no México, e espalhou-se rapidamente para alguns países da Europa e também nos EUA.

Eu achei interessante quando vi uma repórter entrevistar um mexicano. Ela viu que o vendedor ambulante estava sem a máscara protetora e perguntou por que ele não a usava já que havia sido recomendada pelo Ministério da Saúde do seu país. Sabem o que ele disse? “Moça, quanto mais a gente fica encucado com coisa ruim, mais elas são atraídas para nós. Isso funciona como um imã.”

Já aqui no Brasil passou na televisão uma reportagem a respeito de remédios anti-virais, pois eles haviam sumido das farmácias, e o repórter perguntou para uma senhora, dona de farmácias porque isso estava ocorrendo. Ela disse que naquele mesmo dia, um homem foi até a farmácia extremamente estressado com a possibilidade de uma pandemia e havia comprado R$ 500,00 desses comprimidos.

E ainda não havia comprovação de um caso sequer de gripe suína no Brasil, e muito menos se esses remédios seriam eficazes no caso de uma epidemia. Isso não é sofrer por antecipação? Isso não é ficar estressado por algo que ainda não aconteceu, e talvez nem vai acontecer?

Estresse é muitas vezes sofrer por algo que ainda não aconteceu e que pode nem sequer acontecer. Por outro lado, quando extrapolamos os limites da normalidade, acabamos por atrair o mal, adquirindo enfermidades.

O estressado não se alimenta direito, a digestão fica comprometida, não dorme bem, não descansa, não consegue se desligar... Cansa o físico, cansa a mente, com reflexo na fé, fica psicologicamente e espiritualmente abalado.

Resultado: O Diabo aproveita para semear suas sementes malignas, tirando a paz, destruindo a união, roubando a alegria – ele tem conseguido levar muitos à morte.

 

2. EM LUGAR DO ESTRESSE, A FÉ

É certo que precisamos ter uma dose, dentro da normalidade, de cautela, de precaução. Deus cuida, protege, livra, mas não faz aquilo que cabe a nós fazermos (prudência, cuidados com a segurança, prevenir, poupar).

Feito a sua parte, confie que Deus fará a dele. Realmente confiar que Ele é poderoso para suprir as suas carências, suas necessidades, que ele é seu protetor, refúgio forte, socorro, que ele pode transformar em bênçãos todas e quaisquer circunstâncias, por mais adversas que pareçam.

Talvez sua preocupação, o seu estresse estão focados na sua família (relacionamentos com os filhos, esposo, esposa, pai, mãe, irmãos); trabalho (alunos, direção da escola, colegas); Vizinhos, finanças, saúde.

Pare de olhar para os seus problemas, para de ficar remoendo, pare de ficar sofrendo, pare de se preocupar e passe a confiar em Deus. Entregue teus problemas a Deus.

Ministro filosofia para 4 salas de Ensino Fundamental II no Colégio Camões.

Filosofia é uma matéria que dá espaço para você usar muitos recursos.

Certo dia li sobre a experiência de um professor de filosofia. Achei muito interessante!

Ele chegou na sala de aula e disse aos alunos para se prepararem para uma prova - relâmpago.

 Todos acertaram suas filas, aguardando assustados o teste que viria.

 

O professor foi entregando, então, a folha da prova com a parte do texto virado para baixo, como era de costume.

Depois que todos receberam, pediu que desvirassem a folha.

Para surpresa de todos, não havia uma só pergunta ou texto, apenas um ponto negro, no meio da folha.

O professor, analisando a expressão de surpresa que todos faziam, disse o seguinte: - Agora, vocês vão escrever um texto sobre o que estão vendo.

Todos os alunos, confusos, começaram, então, a difícil e inexplicável tarefa.

Terminado o tempo, o mestre recolheu as folhas, colocou-se na frentda turma e começou a ler as redações em voz alta.

Todas, sem exceção, definiram o ponto negro, tentando dar explicações por sua presença no centro da folha.

Terminada a leitura, a sala em silêncio, o professor então começou a explicar: - Esse teste não será para nota, apenas serve de lição para todos nós. Ninguém na sala falou sobre a folha em branco.

Todos centralizaram suas atenções no ponto negro.

Assim acontece em nossas vidas.

Temos uma folha em branco inteira para observar e aproveitar, mas sempre nos centralizamos nos pontos negros.

A vida é um presente de Deus dado a cada um de nós, com extremo carinho e cuidado.

Temos motivos para comemorar sempre!

A natureza que se renova os amigos que se fazem presentes, o emprego que nos dá o sustento, os milagres que diariamente presenciamos.

No entanto, insistimos em olhar apenas para o ponto negro!

O problema de saúde que nos preocupa, a falta de dinheiro, o relacionamento difícil com um familiar, a decepção com um amigo.

Os pontos negros são mínimos em comparação com tudo aquilo que temos diariamente, mas são eles que povoam nossa mente.

Tire os olhos dos pontos negros de sua vida.

Aproveite cada bênção, cada momento que o Criador te dá.

Certa feita os discípulos de Jesus estavam em um barco, e começou uma grande tempestade. Ficaram todos com muito medo e foram procurar por Jesus. Viram que ele estava dormindo tranquilamente, e o acordaram apavorados porque ninguém queria morrer. Jesus acorda, e dá ordens para que o vento e o mar se acalmem. Houve um grande milagre e a natureza obedeceu a ordem do filho de Deus. Todos ficaram assustados e perguntaram: “mas quem é este que até o vento e o mar lhe obedecem?” Jesus então os repreendeu dizendo que a fé daqueles homens era uma fé de pigmeu. Eles deveriam ter fé de gigante.

Você também não quer que a sua fé seja uma fé capaz de tirar as muralhas da desconfiança, da preocupação, da ansiedade e colocar em seu coração uma confiança no Deus que tudo pode?

Diga isso ao Senhor: Entra na minha casa, entra na minha vida, entra com provisão, com milagre e bênção. Eu não quero ter visão de medo, mas sim de coragem. ...lançando sobre ele toda a vossa ansiedade, porque ele tem cuidado de vós. I Pedro 5. 7

 

3) JESUS QUER TE LIBERTAR DO ESTRESSE

Jesus disse: “Vinde a mim os cansados e oprimidos e eu vos aliviarei” (Mt 11,28). A palavra do salmista é: “Entrega teu caminho ao Senhor, confia nele e o mais ele fará.” (Sl 37,5)

Quantas tribulações, quantas preocupações... Motivos não faltam. Quando nos entregamos, a nossa paz vai embora.

Na maioria das vezes não conseguimos achar a saída, a solução. Estamos tão estressados que não conseguimos enxergar a saída.

Muitas vezes Deus permite as tribulações por dois motivos:

1) testar, provar a nossa fé, a nossa confiança. É nessas ocasiões que o verdadeiro crente se dá a conhecer, pois ele permanece firme;

2) Fortalecer – quanto mais nossa fé é provada, mais aptos estaremos para enfrentar novas lutas e dificuldades. Estaremos prontos para ajudar uma outra pessoa que esteja passando o que nós passamos.

Então, irmão, irmãs, professores e professoras, no lugar da preocupação – oração – pois Deus nos dá forças para enfrentar as lutas.

No lugar da aflição de espírito, fé, naquele que pode transformar as adversidades, que pode mudar a nossa sorte.

No lugar da angústia, a confiança naquele que pode fazer muito mais do que tudo que podemos pensar ou imaginar. No lugar das enfermidades que resultam das preocupações, a esperança no agir de Deus e a paz de espírito que só ele pode dar!

Conclusão

Eis a palavra de Jesus: “Marta, Marta, você está agitada e preocupada com muitas coisas, mas apenas uma é necessária!”. Precisamos aprender a valorizar aquilo que realmente tem importância. Maria entendeu que aquele momento era ímpar e que aproveitar a presença de Cristo era mais importante que as outras coisas.

Jesus disse ainda: “não fiquem preocupados, perguntando: ‘Onde é que vamos arranjar comida?” ou “Onde é que vamos arranjar bebida?’ ou ‘Onde é que vamos arranjar roupas?’” (Mt 6,31). Precisamos confiar nas promessas de Deus. O Salmista escreveu: “Fui moço e agora sou velho, mas nunca vi um homem bom abandonado por Deus e nunca vi os seus filhos mendigando comida”. (Sl 37,25)

O exercício da fé requer uma vida de confiança, “por isso, disse Jesus: não se preocupem com a comida e com a bebida que precisam para viver nem com a roupa que precisam para se vestir. Afinal, será que a vida não é mais importante do que a comida? E será que o corpo não é mais importante do que as roupas?”

Encerro esta meditação com um conselho de Jesus: “Portanto, ponham em primeiro lugar na sua vida o Reino de Deus e aquilo que Deus quer, e ele lhes dará todas essas coisas”. Não estejais inquietos por coisa alguma; antes as vossas petições sejam em tudo conhecidas diante de Deus pela oração e súplica, com ação de graças. (Fp 4. 6)

Obs - Esboço de sermão pregado pelo Rev.Marcos Gomes em celebração  do dia do professor 12/10/2012 na Igreja Presbiteriana Independente de Santa Cruz do Rio Pardo - SP.  Publicado aqui com autorização do autor.